Mylena Rodrigues
Para começar esse texto quero citar minha amiga Mayra do Instagram @mayraverp, que definiu o que é capacitismo de um jeito descomplicado. "Capacitismo é um termo utilizado para descrever a discriminação, opressão e abuso advindos da noção de que pessoas com deficiência são inferiores às pessoas sem deficiência. Inclui, desta forma, tanto a opressão ativa e deliberada (insultos, considerações negativas, arquitetura inacessível) quanto a opressão passiva (como reservar às pessoas com deficiência tratamento de pena, caridade, inferioridade).". Esse termo é pouco conhecido, incluindo às pessoas com deficiência, e por isso a importância de informar e falar sobre algo tão significativo na vida de muitas pessoas que nem sabem que passam por atitudes capacitadas, ou aquelas que não sabem que estão tendo atitudes capacitadas. Vou citar alguns exemplos aqui que muitos já vivenciaram. Assim começo pelo fato de que muitas vezes estamos acompanhados de pessoas que não tem deficiência e quando chegamos a um lugar, que seja em lojas, restaurantes, entre outros, o que acontece é que os atendentes muitas vezes perguntam aos nossos acompanhantes o que vamos querer. As pessoas com deficiência tem sua autonomia, sua voz ativa para escolher o que quiser e em qualquer lugar. Outra situação muito comum é a infantilização da pessoa com deficiência. Muitas vezes essas atitudes vêm das próprias famílias, que se esquecem de que seus filhos ou familiares saem da infância, passam pela adolescência e se tornam adultos como qualquer outra pessoa. Colocá-los em uma "bolha" de proteção não ajuda em nada para que se tornem independentes. Para não estende muito o texto e deixar em aberto esse debate, quero citar a negativa de ajuda por parte da pessoa com deficiência. Negar ajuda não significa ser arrogante, significa que você tem autonomia para gerir a sua vida. Não estou dizendo que as pessoas precisam negar a ajuda de uma forma grosseira. Esse debate é sobre capacitismo e não empatia. Perguntar não ofende, mas também precisamos saber perguntar. "O que posso de ajudar?". Uma pergunta simples que gera uma sensação agradável para os dois lados. Ah e não se esqueça! Você pessoa com deficiência pode e deve falar sobre suas necessidades, não deixe de informar. Nos do Projeto Autonomia acreditamos muito que a única maneira de melhorar o dia a dia da pessoa com deficiência e assim ela ter autonomia e independência, é através de informações. Nosso trabalho continua para que isso se amplie! Video sobre Capacitismo no Instagram @mynspira! https://www.instagram.com/tv/B-t38VQlRy8/?utm_source=ig_web_copy_link
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Mylena Rodrigues A convite da Luiza Tamashiro da página no Instagram @relab.criativo, participei de uma iniciativa para falar sobre moda inclusiva, pensando as dificuldades que uma pessoa com baixa visão pode ter ao escolher suas roupas. Durante a semana Fashion Revolution Brasil, foram publicados textos e fotos de pessoas com deficiência, onde puderam falar um pouco de suas dificuldades. Na plaquinha usada nas fotos, foi colocado a seguinte frase: "Quem fez minhas roupas?" No meu texto, coloquei algumas questões: Já parou pra pensar em como uma pessoa com baixa visão escolhe suas roupas? Sou muito vaidosa e gosto de escolher o que vou usar. Uma das grandes dificuldades é saber a cor da roupa, muitas vezes confundimos o rosa com vermelho, o azul com o verde, entre outros. E quando falamos em informações importantes como o tamanho da roupa, a dificuldade aumenta, já que a maioria das etiquetas tem as letras super pequenas. A etiqueta em braille seria uma opção, mas, cuidado, pois não são todas as pessoas com deficiência visual que sabem ler o braille. Sentir o tecido da roupa, ajuda muito, particularmente adoro blusinhas que passo a mão e sinto a estampa, o desenho. Muitas pessoas me perguntam se faço compras de roupa sozinha e a resposta é SIM, porém, quando estou sozinha a melhor opção é o celular, ele sempre me ajuda a tirar fotos e ampliar informações importantes que quero saber, ou até mesmo pra experimentar a roupa e saber se ficou legal. Uma opção super acessível seria usar o código QR nas etiquetas e ter uma descrição da roupa, com informações importantes. Pessoas com deficiência gostam de moda e querem ter autonomia pra fazer suas escolhas. Pensem nisso! Para além desse texto, também coloquei um vídeo no meu canal no YouTube, o qual compartilho o link abaixo. Aplicativo reconhece e descreve obras. Mais conhecimento e acessibilidade na palma da mão.29/5/2020 A organização Smartify tem como propósito enriquecer as visitas a museus e centros de arte aplicando tecnologias de reconhecimento de imagem e de realidade aumentada. Essa combinação permite que os visitantes tenham acesso a informação adicional e multimídia sobre a obra à sua frente em qualquer momento e em qualquer lugar, diretamente na tela de seu celular. A realidade aumentada consiste em potencializar a realidade acrescentando em tempo real informação digital que se torna visível por meio de uma tela (como a do celular, a forma mais habitual) ou projetando a informação sobre objetos reais. A realidade aumentada guarda certa semelhança com a realidade virtual, mas se caracteriza por integrar a experiência virtual com o espaço físico à volta do espectador. Para fazer isso de modo funcional (e também minimamente crível) o celular tem de ser capaz de reconhecer onde está fisicamente e idealmente também entender o que a câmera do celular está captando a cada momento. No caso da tecnologia desenvolvida pela organização Smartify, trata-se de um sistema de processamento de imagem em tempo real e em alta velocidade que reconhece a obra de arte (quadro, escultura ou objeto) para a qual o espectador está dirigindo a câmera de seu celular. Uma vez detectada a obra, o sistema oferece ao usuário informações relacionadas, incluindo críticas e comentários, história, vídeos e dados biográficos do autor. O funcionamento do Smartify é similar ao do conhecido aplicativo de reconhecimento musical Shazam. O app Shazam (disponível para celulares) devolve o título e o autor de quase qualquer música na hora: basta que o aplicativo ouça alguns poucos segundos para reconhecer de que composição musical se trata. O Smartify também pega uma amostra da obra em questão e a envia aos servidores que processam a imagem e decidem de que objeto ou pintura se trata. O Shazam geralmente funciona apesar de haver ruído ambiente ou de a amostra de áudio ser de baixa qualidade. Da mesma forma, um sistema de reconhecimento de imagem tem de ser suficientemente sofisticado a ponto de detectar o que há na imagem captada com o telefone independentemente de qual seja a qualidade da câmera, do ângulo da foto ou da iluminação do objeto.
Isso é possível porque, em geral, os sistemas de reconhecimento de imagem não comparam uma fotografia da amostra com outra igual ou muito parecida. Na verdade, comparam uma amostra da imagem tirada pelo usuário com muitas imagens de todo tipo identificadas previamente. Os softwares determinam com qual dessas imagens conhecidas a amostra tirada corresponde apesar de a fotografia não ser exatamente igual. Este método também supõe que o sistema aprende sozinho, melhorando quanto mais é usado: quando o computador acerta soma-se um ponto positivo que acelera e melhora sua capacidade de resposta para identificar as amostras seguintes. Cada vez mais instituições de arte utilizam a tecnologia para proporcionar informação multimídia e detalhada sobre as obras expostas, a fim de melhorar a visita, enriquecer a experiência de desfrutar da arte e também para torná-la acessível. A tecnologia tem a capacidade de facilitar o acesso ao conhecimento e à cultura de pessoas com necessidades específicas de aprendizagem e comunicação e até pode descrever em palavras (texto ou voz) o conteúdo de uma imagem (como a de um quadro) para os usuários que tenham problema de vista ou cegueira. Uma vantagem adicional do Smartify, explicam na revista New Scientist, é que seu funcionamento não se baseia na localização do usuário (não depende de estar fisicamente em um museu ou galeria), mas pode ser utilizado dirigindo-se a câmera do celular para um postal, uma fotografia em um livro, uma reprodução em um pôster ou quadro, ou pode se tratar de uma obra exposta na rua. O objetivo é aproximar a arte do público por meio da realidade virtual e da realidade aumentada, "dois cenários futuros para a difusão de histórias e conteúdos", informa a empresa. "E os museus são os cronistas definitivos da história da humanidade." Mylena Rodrigues Ricardo Shimosakai É impossível falar de inclusão sem falar de acessibilidade, por isso, primeiro falamos de acessibilidade e agora sim podemos colocar nosso objetivo ao pensar nas questões da inclusão. Inclusão, é, em algumas definições existentes, "o ato de igualdade entre os diferentes indivíduos", ou seja, significa que pessoas com deficiência e mobilidade reduzida devem ter o mínimo de condições possíveis para que sejam incluídas na sociedade, nos espaços e no que proporem a fazer. Na lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência, em seu primeiro artigo temos que ela é: "(...) destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.". Colocado isso, fica claro que para ter a inclusão, o mínimo que se precisa é de condições para que as pessoas possam exercer o seu direito de ir e vir. O Projeto Autonomia quer identificar problemas e propor soluções na pratica para que a inclusão seja feita, dando uma condição para que pessoas com deficiência possam tomar suas decisões de quando e onde irem, sem se sentirem excluídas.
Assim, é de extrema importância ouvir e dialogar com pessoas com deficiência, para entendermos suas questões, necessidades e individualidades, sempre buscando alcançar a autonomia e a independência. Temos a consciência que chegar a algo ideal é impossível, por isso também nos propomos a entender as maneiras que as pessoas fazem para se inserirem nos lugares e na sociedade com suas formas alternativas, ou seja, elas se reinventam para se incluírem. Mylena Rodrigues Ricardo Shimosakai Nos do Projeto Autonomia queremos apresentar a vocês o nosso objetivo, o que pretendemos com nosso trabalho e a forma como enxergamos questões importantes do dia a dia. Pra isso, nesse primeiro texto sobre a nossa ideia, vamos falar sobre acessibilidade funcional. Falar de acessibilidade é fácil? Nem tanto, até porque existem definições e muitos questionamentos em torno do que é acessibilidade, onde tem espaços acessíveis e sua importância para a sociedade. Quando pegamos leis e normas, principalmente brasileiras, temos algumas definições sobre o que é acessibilidade, como: "Acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida." Ao ler essa frase, ficamos imaginando que as nossas leis são muito importantes, bem escritas e fundamentadas, porém sabemos que isso está no papel e que na realidade o que se deveria ter, não existe em sua totalidade. Pensando na acessibilidade e o quanto ela é fundamental para que pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida (gestantes, idosos ou obesos) tenham autonomia e independência é que queremos mostrar na prática a vivência disso tudo.
Se pensarmos na diversidade de pessoas com deficiência e suas necessidades, percebemos que cada um tem sua individualidade. Exemplo: um banheiro acessível que segue as normas exigidas pode não servir para todos, ou ter falhas que só uma pessoa com deficiência poderia apontar. É aqui que nosso projeto se torna importante para quem deseja ter lugares acessíveis. Assim, usamos a palavra lugares no seu amplo entendimento, pois o primeiro passo é pensar na pessoa com deficiência como um consumidor que pode e deve frequentar todos os lugares que quiser. Essa foi nossa primeira discussão e nossos primeiros apontamentos para que o Projeto Autonomia começasse a sair do papel e se tornasse uma realidade, algo concreto, ao qual estamos dedicados a levar o máximo de informações possíveis. |